quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lua

No escuro desestrelado só a lua brilhava; o chacoalhar das altas arvores, o uivo dos filhos da noite... Só isso nas sombras da mata escura. Sentia-me acuado pela beleza do vazio, aquele vazio tão completo, o tempo parado naquele mar de silêncio quase acolhedor. Os vultos da noite traiam o olhar e macabro era o vento da solidão, falsa solidão, tinha eu a lua de amante.

Lá, de nada valia o conhecimento, nas profundezas do pensamento, só valia o instinto, que é claro sempre te abandona... e assim morria, a luz na sombra, só versos tortos mesclados com os lamentos dos lobos, tão amados quanto o ódio dos homens.

terça-feira, 13 de julho de 2010

cego é o caminho
para o esquecimento,
assim como as linhas
que deixam a claridade e
se tornam manchas.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Epilogo

As mordidas quase compulsivas no canto da boca já faziam um fino filete de sangue brotar... Era ele, doce, doce contradição, manchando as bordas de todos os copos. Manchava minhas cartas e minhas fotos, minhas lembranças e meus desejos. Tudo. Tudo vermelho. Mas não, não era isso eu queria, queria tudo pintado... Pintado de preto.