segunda-feira, 1 de março de 2010

O último dia de inverno

Era frio e nublado, o vento sussurrava... quase que num tom gritante, fazendo as árvores balançarem e rangerem, naquela escura estrada quase deserta. O que restava da humanidade em nossos corações foi-se acabando, até que esses se despedaçaram feito cristal.
E cada vez mais andávamos pra trás... porque a correnteza é que te carrega. A vida, nesse momento, nada mais era do que uma coleção de minutos sem fim. O tempo havia deixado de caminhar, enquanto a luz tocava sua face fria. Todas as cores foram apagando e as penas brancas flutuavam indecisas, prontas para chegar ao solo úmido. Seus cabelos sussurravam junto com o vento, conversando com ele, balançando com ele, livre como ele, e em pouco tempo tudo se havia acabado... O gosto doce do anis deixou seus lábios e assim terminou o último dia do inverno.

Um comentário:

  1. Fico muito feliz de ver que essa ausência do poeta foi satisfatória. Esse novo texto se apresenta de forma muito mais madura. Bastante legal ver q vc começa a conseguir articular o seu lado artista plástico com o seu lado escritor de uma forma eficiente: A articulação das imagens construídas com a noção de movimento dado pela linguagem ficou demais. A utilização dos tempos verbais tb foi muito boa: construído em cima do pretérito (ideia de memória e foto) imperfeito (ideia de continuidade, portanto a quebra do tempo) e encerrado com o perfeito (ação completa, fim), além da inserção de uma sentença no presente que a transforma numa espécie de provérbio (valor de verdade, alheio ao tempo).

    Bjo,
    amiga orgulhosa.

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